No dia 20 de Janeiro de 2011 a primeira turma do Letras Libras da UFSC (pólo UFBA) formou-se em Salvador. Tive o privilégio de estar presente nas duas solenidades (de gabinete e a realizada na reitoria da UFBA) atuando como Intérprete de Libras (ILS).
Neste dia comemorei com todos, me emocionei pelo marco histórico que este dia estava representando e vi nascer pouco mais de 30 professores de Libras, os primeiros de toda América Latina com formação em Universidade (diga-se de passagem, pública).
Mas hoje algo me fez refletir um pouco mais sobre as turmas do Letras Libras - licenciatura.
Saiu um edital de concurso para professor de Libras da UFBA, universidade a qual me graduei, universidade a qual estou cursando o mestrado, universidade que frequento para assistir as aulas presenciais do curso de Letras Libras - bacharelado, universidade a qual fui aprovada em 3° lugar para professor substituto de Libras em 2010 (havendo apenas 2 vagas), universidade a qual tenho me dedicado para um dia conseguir contribuir com meus conhecimentos no ensino superior público brasileiro.
Com relação a vaga para o professor de Libras o referido edital diz:
Unidade: Instituto de Letras
Departamento: Letras Vernáculas
Área de Conhecimento: Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)
Classe: Auxiliar
Regime de Trabalho: 20 horas
Vagas: 01
Titulação: Licenciado em Letras com a titulação Licenciado em Letras, com
proficiência em LIBRAS, comprovada por instituição reconhecida pelo MEC.
Ano passado o edital para professor substituto dizia:
PERFIL DO CANDIDATO: Professor de LIBRAS, usuário dessa língua, licenciado em Letras ou Pedagogia com proficiências em LIBRAS, comprovada por instituições credenciadas pelo MEC, com prioridade para candidatos surdos – de acordo com o § 1o do Art. 7 o do Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.
Diante disso penso e questiono a mim mesma: agora que já temos profissionais recém formados para a ocupação do cargo de professor de Libras, os demais profissionais com outras formações (no meu caso licenciatura em Pedagogia) e que JÁ ATUAM NA ÁREA HÁ ANOS, não poderão mais participar dos concursos?
Como eu, pequena Pedagoga, intérprete de Libras, professora de Libras, não posso sozinha mudar o que já foi publicado no edital e se as minhas queixas não chegarem aos ouvidos (ou olhos) dos que elaboram os editais, deixo aqui o meu desabafo e desacordo com relação ao EDITAL Nº 04/2010 da UFBA e RETIFICAÇÃO Nº 04.
Boa sorte aos meus muitos amigos recém formados.
5 comentários:
Thalita,
O seu sentimento é totalmente compreensível. Imagino que seja comparável ao de alguém traído! Assim como você, existem outros tantos profissionais que se dedicaram e se dedicam à causa da educação para surdos há anos. Em um tempo em que a Libras e muito menos o intérprete e o instrutor eram reconhecidos. Ou seja, a motivação do trabalho orbitava muito mais pelo interesse de colaborar para o cresecimento intelectual do surdo, e menos pelo retorno financeiro que isso poderia representar. Me perguntei, ao ler seu desabafo: esses profissionais que você descreveu "se tornaram desqualificados" partindo de qual princípio? Seria a da ética? Impossível!
Vanessa Moura.
Fonoaudióloga, ILS e estudante do curso de Licenciatura em Letras/Libras 2008.
Olá Vanessa!
Pois é, o meu sentimento é exatamente este que vc descreveu e o meu desabafo foi pensando mesmo nestes tantos profissionais que como eu já lecionam Libras há tantos anos e/ou são atuantes na educação de surdos.
Estes profissionais aos quais me referi, na minha opinião, não seriam NUNCA desqualificados, talvez "destituilados"!!
O neologismo é para ressaltar que estes profissionais com experiência de anos que não obtiverem o título que agora é requerido, não poderão mais exercer o trabalho que já realizavam por não possuirem o título em Letras. E até os que como eu buscaram qualificação e certificação (o prolibras de ensino superior por exemplo), também estarão de fora caso não tenham a formação requerida pelos elaboradores de edital que, imagino eu, não tem a mínima idéia do percurso da educação de surdos e do ensino da Libras.
A minha, e espero nossa, esperança é que isso se modifique e que possam contemplar não apenas os recém formados professores de Libras, mas também os experientes e qualificados professores de Libras que optaram por outras formações por não existir anteriormente uma formação específica.
Cara,
Compreendo, e muito estimo o teu centimento. Mas questiono, e a nós que, entretido e ou preocupados apenas em dar assistecia somente aos usuarios da LIBRAS e que paramos no tempo e não tivemos a oportunidade de deixar do tempo integral de dedicação para buscar o nosso proprio crescimento intelectual e proficional???? Temos a pratica, o conhecimento, mas o diploma???? Para nós esta cada vez mais longe. Teriamos direito a uma vaga digna no efetivo federal, ou ao menos estadual????
Oi,entendo seu desabafo e apesar de estar no curso de Licenciatura acredito que existam muitos profissionais capacitados que podem e devem ocupar vagas nessa aréa..Vc por exemplo, um beijão e vamos a luta pelas mudanças nos editais...
Meus queridos Anônimos! Por favor, postem com nome ou apelido se preferirem! Assim poderei identificar vcs!
Ao Anonimo 1 que me perguntou com relação aos que pararam no tempo... com relação a estes eu penso que "parar no tempo" nunca é bom! Ainda mais se lidamos com uma língua (bem viva) como a Libras! Buscar participar de cursos, seminários e principalmente uma graduação (e depois as pós) é importantissimo em qualquer profissão!
E ao querido(a) Anonimo 2 que me colocou como exemplo de um bom profissional, meu muito obrigado!!
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