Há pouco tempo ministrei uma palestra sobre Educação de Surdos na Faculdade de Educação da UFBA, onde estudei na minha formação em Pedagogia, convidada por algumas colegas que me viram falar sobre o assunto num seminário da FACESA (instituíção onde trabalho como intérprete de língua de sinais e professora do curso de extensão em LIBRAS). No início da palestra fiz uma provocação dizendo que não era (e não sou!) a favor da inclusão de pessoas surdas no ensino regular, mas com o tempo muiiiito curto não tive tempo de responder...
Pois que uma das pessoas que estava assistindo me mandou um email pedindo a explicação sobre a afirmação que fiz, aproveitando esta resposta, posto aqui um pouco (bem pouquinho mesmo) sobre esse assunto e os slides apresentados durante a palestra.
Espero que gostem!!
.................................................................................
Eu não sou a favor da inclusão de surdos por motivos que expliquei durante a palestra, mas não direcionei exatamente a essa resposta. Perceba que eu disse inclusão de SURDOS, sobre as demais deficiencias eu não opino de forma tão radical por não ter conhecimento aprofundado.
Uma resposta simples seria que o povo surdo tem LÍNGUA e CULTURA próprias, portanto devem compartilhar entre si estas. Mas, imagine comigo, como uma criança ouvinte aprende a falar?? Obviamente ouvindo os pais, a família, os professores e as pessoas ao seu redor que falam, assim, p.ex., por tanto ouvir alguém se direcionando a um objeto e chamá-lo de copo a criança ouvinte aprende NATURALMENTE que aquele objeto se chama copo! E assim todas as demais palavras inclusive as de significados abstratos.
Pense agora comigo, a grande maioria das crianças surdas nascem em lares de pais ouvintes, esses pais desinformados sobre o que fazer, são aconselhados pelos médicos a levarem a criança ao fonoaudiológo e esta agora passa muiiiiitos anos de sua vida fazendo treinamento vocal de palavras que ela mesma desconhece o significado. O que acaba acontecendo é que a a pessoa adquire linguagem tardiamente por não aprender uma língua de forma natural. Mas imagine se esta criança for levada a uma escola de surdos... Se em sua casa ela não tem o ambiente linguístico adequado, numa escola este ambiente será criado já que lá haverão professores surdos e pessoas proficientes na língua de sinais que se transformarão em referenciais linguísticos para essa pessoa. Assim a língua será aprendida de forma natural, como no caso das demais pessoas ouvintes.
E como uma escola de surdos até o Ensino Médio ainda é uma utopia em grande parte do Brasil (tenho noticia de algumas pelo Sul do país) é aceitável que aconteça a inclusão no ensino regular, com ressalva de que a pessoa surda deve ser proficiente (ter dominío) na língua de sinais e apoio de um tradutor intérprete de Língua de Sinais obviamente!
SLIDES APRESENTADOS:
0 comentários:
Postar um comentário